É significativo que a outrora Lar da Agatha tenha escolhido os versos a seguir para o seu renascimento artístico:
“Eu tive que te matar, eu realmente sinto muito. Eu tive de fazê-lo, tenho que ir sozinha. Eu tive que te matar, eu aguentei por muito tempo”.
Compostos por Andres Costureras, da banda Pshycotic Beats, os trechos acima são da música “Killer Shangri-Lah”, performada pela agora Madame Agatha Killer. Disponível em seu canal no YouTube desde 30 de outubro, este vídeo me deu o gancho necessário para estrear minha nova coluna, “Queen Tu Lê?”.
Caso você tenha alguma dúvida sobre o motivo desta drag carioca ter sido convidada para debutar este espaço, a própria Madame Agatha Killer, em seu perfil no YouTube, no qual é conhecida por explorar o universo literário, lhe responde:
“Indicações literárias por uma drag queen. Aqui apresento os livros usando toda a minha criatividade nos looks e produção. Você vai encontrar diversos gêneros literários e muito respeito com o trabalho de autores independentes”, afirma.
Nada a estranhar, afinal, o nome mudou mas o currículo segue o mesmo: booktuber, costureira, drag queen e performista. Quando me dei conta de tudo isto, fiquei pensando: e se a Madame em pessoa indicasse para as dragliciosas seis autores LGBTQIA+ para conhecerem urgente?
“É uma honra para mim poder indicar artistas LGBTQIA+ independentes. Acho de extrema importância dar espaço a essas pessoas para que possam alcançar novos públicos com suas próprias vozes. Nossa comunidade é tão plural e as oportunidades muito desiguais. Espero que o público da Draglicious dê uma oportunidade para essas artistas e abrace essa matéria com carinho”, conta.
O resultado você confere logo abaixo. Ah, eu não sou a Serena ChaCha, mas o que você acha de pegar um livro, abri-lo e ler? Você pode nos agradecer elevando o trabalho das pessoas listadas em seguida. Divirta-se!
Yuri Amaral
- pessoa não-binária, ilustradora, drag queen, autora, artesã.
- no insta: @yuamaral
Yuri cria seus quadrinhos (O Menino que Não Sabia Voar) sobre o menino Kai, que é o único de seu vilarejo que não voa. Dentro desse ponto de vista, Yuri debate muitas questões sociais com diversas personagens inclusivas e com um trabalho visual primoroso. A sua drag, Yala, é uma personagem que ganha vida também na literatura, tendo parte de sua história contada no livro “Yala e a teia da existência”, além de performances de lipsync e outros projetos. Yuri também cria tirinhas com a sua personagem Fractal, pessoa trans, “que busca florescer a sua identidade, mesmo em uma sociedade transfóbica”, segundo a própria autora.
Amara Moira
- mulher trans, puta-feminista, doutora e escritora
- no insta: @amoiramara
Conheci sua arte através do livro “E Se Eu Fosse Puta”. Um livro autobiográfico sobre a sua vivência e perspectiva da prostituição e existência quanto pessoa trans. A obra é bem pessoal e abrange muitas questões importantes que podem nos aproximar de uma realidade muito marginalizada da nossa comunidade. A professora Amara também mantém cursos e publicações acadêmicas sobre questões sociais e, principalmente, vivência de pessoas trans.
Jê Omega
- pessoa não-binária, professora, poeta e desenhista
- no insta: @je_omega
Jê produz poemas incríveis sobre não se encaixar no padrão social e outras questões pessoais que se identifica, adicionando suas belíssimas ilustrações que trazem um visual emo para suas criações. Elu usa seu Instagram para compartilhar suas artes e nos cativar com tantos versos reflexivos.
Dandara Maria
- mulher negra, trans, lésbica e escritora.
- no insta: @afrotransfeminista
Dandara usa suas redes sociais para publicar os seus textos que abordam temas como raça, gênero, sexualidade, ativismo e empoderamento. Suas postagens são muito profundas e provocativas, exatamente como precisamos para repensar nossos moldes sociais. Acredito que seus textos possam servir de acolhimento para muitas outras mulheres.
Lino
- escritor, produtor, ator, drag queen
- no insta: @linoverso
Lino é uma pessoa apaixonada por contos de fadas da Disney e que usa sua arte para transformar esses clássicos em histórias inclusivas, como o seu livro Transderella (Cinderella trans), que traz também representatividade negra e discute temas como gordofobia. Inclusive, este livro é uma adaptação de seu roteiro para uma peça de teatro da Transderella. Recentemente lançou a sensível versão de Rapunzel com uma protagonista com Síndrome de Down.
Mikka Capella
- autor, cigano e drag queen
- no insta: @mikkacapella
Mikka escreve contos e outras histórias em diversos gêneros literários, principalmente no terror e conquista-nos ao apresentar sua arte através de sua drag persona Jessica Wonder. Autor geek, também escreve livros de aventuras para jogos de RPG, onde presta serviço de editor e revisor para editoras de RPG.
Gostou? Compartilhe com mais pessoas LGBTQIA+ e não esqueça de apoiar o trabalho da Madame Agatha Killer em sua vakinha e apoia.se. Além de segui-la em suas redes sociais: Facebook, Instagram,Twitter e YouTube. Siga também os demais artistas falados nesta matéria.