As recentes mortes de Chi Chi Devayne e Chadwick Boseman, trouxeram à tona pensamentos sobre “ascensão e pertencimento a tranquilidade” dado ao homem preto dentro e para a comunidade. Herdamos marcas desconhecidas pela ciência moderna, mas percebidas em estatísticas e obituários, que não perdoam seu nível social ou o quão famoso você seja, seu corpo preto permanece quanto significado da mal ajambrada história do capitalismo no mundo e pelo recorte, Brasil.
”O meio ambiente em que seus ancestrais viveram marcará as gerações futuras” Erinc Cordeba
Chadwick Boseman, foi diagnosticado com câncer de cólon em 2016, nosso eterno Pantera Negra, provavelmente passou pelo processo de tratamento ao câncer durante as gravações de “Capitão América: Guerra Civil”, algo que evidencia as cadências do racismo, pois, imagina tu irmão, passar pelo melhor momento de sua carreira e “na bola de meia” descobrir um cânion ao desconhecido entre sua saúde e permanecer o herói.
Hereditário, o câncer de cólon ou intestino é uma doença de caráter socioeconômico, tendo alimentação e histórico clínico familiar como os principais apontadores da doença. Há alguns meses em uma visita ao hospital, Chadwick claramente debilitado e levado em cadeira de rodas, até o momento alguns fãs suspeitaram de contágio por Covid-19 e não câncer, algo que o ator e sua família tiveram que manter entre amigos, pois Boseman era cogitado a interpretar Yasuke, guerreiro de mesmo nome, no século 16, o único samurai conhecido de origem africana, levado ao Japão como escravo de missionários jesuítas. A violência sistêmica alcança corpos pretos em todas as camadas sociais, como a única certeza do capital é a desumanização do preto, é impossível destruir a estrutura, mesmo sendo um herói. Chadwick não conseguiu escapar. Ficar rico é geracional contudo a estrutura permanece secular.
O Brasil deve registrar mais de um milhão de novos casos de câncer até 2022, estimativa criada pelo Inca (Instituto Nacional De Câncer). Assim como os problemas do convívio capital e as condições socioeconômicas desfavoráveis e a truculência policial matam pessoas pretas sistemicamente, quando acontecem óbitos de ícones como Chadwick e Chi Chi Devayne, no susto, ciclicamente as perguntas sobre “qual momento o homem preto estará seguro”? ficam no ar e sem respostas.
Chi Chi Devayne e Chadwick, ambos homens pretos, bem sucedidos e com uma saúde “aparentemente” inabalável… e, de repente, se tornam óbito na fase mais importante na vida, desta vez, pela saúde. Disso tudo você tira as medidas da régua que mede “prosperidade” e enxerga as discrepâncias escalares. Existe Wakanda ou algum “lugar seguro” para a comunidade negra?
No Brasil, 68% das mortes de pessoas entre 20 e 59 anos são em homens e a cada cinco pessoas que morrem entre 20 e 30 anos, quatro delas são homens, ou seja, mais de 70% das mortes no Brasil são entre homens e desta forma majoritariamente de homens pretos. Aí tu vai dizer “tá querendo passar pano pra macho”? Sim, pois se o feminismo precisa atribuir a vida dos homens pretos as demais mazelas construídas pela branquitude durante a implementação do capitalismo, pois quem em suma morre nessa parada são HOMENS PRETOS, dado que 84% dos paulistas em situação de rua são homens pretos, entende?
A aflição concomitante da experiência de luto do Pantera Negra idolatrado pelo mundo tange inicialmente a questão “como a Marvel vai tapar essa lacuna” e principalmente, que foda deve ter sido para ele manter-se O PANTERA NEGRA, pois a forma com que homens negros são negados da vulnerabilidade, são preteridos na corrida subjetiva de importâncias e permanece na linha de frente no que tange estatísticas de óbitos, são sintomas do machismo secular do capitalismo.
O Inca, atribui ao câncer cerca de 600 mortes diárias no Brasil, sendo câncer de mama e intestino as principais causas mortis.
Afirmo que não existe lugar seguro para a população negra enquanto não observarmos nossos corpos como templo e desta perspectiva lembramos de manutenção. Que todo templo precisa trocar canos, colocar telhas sem furos e dar aquela pintada na parede, mas tudo isso exige uma coisa: “grana”.. mas como a bíblia mesmo diz “nem só de pão viverá o homem” e a grana nem sempre será capaz de te salvar quando a epigenia bater na sua porta. Por essas e outras devemos forçar a pesquisa da epigenia da diáspora como essas e desta forma arraigar estudos com base racializada, para que doenças sistêmicas tenham estudos direcionados e possam solucionar traumas clínicos como é o caso da anemia falciforme.
Tá ligado que a cor dos nossos olhos, cabelos e pele são codificados pelo nosso DNA (ácido ribonucleico) e nossos traumas também… Carma? Não! Epigenia*.
“Se sua avó morreu de intoxicação é possível que você seja sensível a essa substância” Enric Corbera – psicólogo e engenheiro catalão.
Chadwick Boseman estava vivendo com câncer estágio III e trampou igual o Batman e o Robin juntos. É isso que lutamos contra quando falamos sobre a semiótica do racismo, pois, entristece escalafobeticamente pelo significante, o do maldito “privilégio”, privar o homem preto a procura da cura, ou até a fragilidade de adoecer, o homem negro, não tem direito a saúde ou memória e principalmente um lugar no tempo espaço para contemplar a “tranquilidade”.
Tô chegando aos 30 anos e a máxima é única ou a polícia me mata ou quem mata é a comida. Margarina, tabaco e bebida… as estratégias históricas da branquitude para silenciar e suplantar as vidas pretas historicamente… por isso que consumir essas fitas é auto sabotagem deliberada.
O câncer e a depressão, são as doenças mais comuns entre homens e coincidentemente as que tem a maior taxa de mortalidade e substancialmente acomete HOMENS NEGROS, pois SAÚDE é AINDA uma relação psicossocial econômica, ou seja, enquanto não tiver um HOSPITAL DO PRETO, a saúde será uma área de genocídio consciente da população preta até sermos extinguidos como sempre foi projetado pela eugenia.
O baguio é loco e se você fica ele come e se você corre ele pega.