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Cardi B patenteia “okurrr” e gera revolta

Ao registrar “okurrr” como sua marca, Cardi B se apropriou de uma expressão LGBT sem sequer dar os devidos créditos.

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Uma das marcas da rapper Cardi B é o uso da expressão “Okurrr”,que nós fãs de RuPaul’s Drag Race sabemos que não é sua invenção, mas que na boca de Cardi se tornou um fenômeno. Mesmo assim a rapper decidiu patentear a expressão a fim de lançar produtos com a marca “Okurrr” e lucrar em cima.

O slogan tornou-se essencialmente sinônimo de Cardi B durante sua rápida ascensão à fama global. Durante uma aparição no The Tonight Show em 2018, ela explicou que soava como se fosse um “um pombo gelado em Nova York”. A expressão atingiu seu ápice como fenômeno viral quando foi utilizada durante um comercial da Pepsi no Super Bowl 2019.

De acordo com registros on-line, o pedido de patente foi feito sob a empresa da estrela, Washpoppin, Inc. em 11 de março. Parece que a rapper pretende registrar o bordão “Okurrr” para usar em “produtos de papel, copos de papel e posters”, como é descrito no pedido. Outra solicitação de patente foi encaminhada anteriormente, em 25 de fevereiro, para a expressão “Okurr” com um “r” a menos para “roupas, como camisetas, moletons, moletons com capuz, calças, shorts, jaquetas, calçados, chapelaria, chapéu e boné, blusas, bodysuits, vestidos, macacões, leggings, saias, suéteres, roupas de baixo”.

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Laganja Stranja

Quando descobriu que a expressão “Okurrr” seria patenteada por Cardi B, Laganja (S6 de Drag Race) usou seu twitter para comentar o fato, e a rapper ofereceu para a Queen a chance de aparecer em um comercial dos futuros produtos, confira os tweets a seguir.

Pobre Ganja! Sempre uma dama de honra nunca uma noiva 😂🙌🏻 Cardi B é uma inteligente mulher de negócios!

Derrick: Eles vão agir como se Shocantelle não existisse?

Luke: Isso é o que eu tenho dito! Mas Laura provavelmente pegou isso de outra pessoa também. A conclusão é que pedir direitos autorias por uma palavra é insano e não deveria ser permitido.

Minha mãe estava realmente chateada com isso: ‘link da matéria’ mas obrigada People por darem a mim os devidos créditos!! Para vocês saberem, eu não criei a palavra e nem Cardi. Mas não odeie o jogador, odeie o jogo! Muito respeito por Cardi B 💯🙌🏻

Por favor, posso fazer a minha queda icônica no comercial para sua linha de produtos #Okurrr?!? Cardi B CONFIE E ACREDITE QUE AS RAINHAS VÃO ADORAR, além disso você estará tornando meu sonho realidade!! Eu já fui ridicularizada por usar essa palavra, e agora você pode me ajudar a completar esse ciclo 🙏🏼💯

Porra, você será a primeira que eu chamarei, mas primeiro você tem que me ensinar como fazer uma queda sem eu quebrar meu quadril.

Eu te ajudo RAINHA!! Obs: Eu, literalmente, acabei de ter um sobressalto e joguei meu telefone longe quando meu amigo me disse que você respondeu!! Vamos fazer isso acontecer, a comunidade queer não está pronta para isso!! E para ser honesta, eu também não estou!! Te amo!!

Ongina: Viva! Não vejo a hora disso rolar.

Laganja: Valeu pelo apoio.

A própria Cardi B respondeu ao meu tweet!! Então, podemos, por favor, parar com os comentários negativos?!? Ela não roubou nada… A palavra #okurrr originou-se na cena do ballroom, mas Cardi foi inteligente o suficiente para capitalizar em cima disso!! Créditos para ela, MAWMA!!

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Origem

A expressão “Okurrr” se originou nos ballroom há décadas, é possível ouvi-la no documentário Paris Is Burning, lançado em 1991. Em 2010 uma cabeleireira chamada Shontelle fez um comercial para TV falando “Okurrr”. Então em 2014, Laganja falou “Okurrr” pela primeira vez na S6 de RuPaul’s Drag Race. E posteriormente em 2016 as Kardashian passaram a adotar a expressão em seu vocabulário. Cardi B foi usar a expressão com maior frequência somente em 2018.

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Motivo da revolta

Quando Laganja falou “Okurrr” em Drag Race foi, simplesmente, um LGBT usando uma expressão popular em sua comunidade. Mas quando Cardi B, mulher cisgênero heterossexual, resolve patentear essa expressão é um movimento muito revoltante, pois ela se apropria indevidamente de uma palavra originada de uma comunidade marginalizada, formada essencialmente por LGBTs negros, latinos e pobres, para benefício e lucro próprio.

Cardi B não está ligando para devolver à comunidade original parte do lucro do que conseguir com a patente de “Okurrr”. A rapper enfatizou que não tem problema na sua atitude, pois pessoas brancas fazem isso o tempo todo.

“Enquanto eu estiver aqui vou garantir toda a grana possível (…) Vocês precisam se preocupar com suas próprias coisas e parar de cuidar das coisas dos outros”.

E Cardi B tem razão nesse sentido, o que ela está fazendo nada mais é que o que as pessoas brancas sempre fizeram ao se apropriar da cultura e criação de outras minorias (latinos, negros, etc). Assim Cardi B prova que não tem empatia pela luta alheia, pois ela ao desfrutar da posição social que ocupa atualmente mais o privilégio da sua heterossexualidade e cisgeneridade, subjuga uma comunidade que diante dela é uma minoria, os LGBTs.

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Palavras não deveriam ser patenteadas

Muitos acham que é só uma palavra, então não tem problema algum. Na verdade tem todo problema, pois esse é um verdadeiro exemplo de apropriação cultural, quando alguém poderoso pega elementos originados numa cultura minoritária a fim de transformar aquilo num produto mercantilista visando tirar o máximo de lucro possível com tal produto, e não se enganem bordão também é cultura!

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Essa patente é o erro, pois Okurrr” faz parte da cena ballroom, que é LGBT, há décadas. O bordão nunca foi da Cardi, ela está se apropriando de algo que não tem direito.

Dessa forma toda herança e luta da cena ballroom que acompanha a expressão “okurrr” é apagada visando unicamente o aumento da fortuna de Cardi B. Isso é tão revoltante, pois mostra como nós, LGBTs, seguimos desamparados social e juridicamente, já que os elementos que são importantes para nossa identidade são usurpados por pessoas héteros que se apropriam deles com o único fim de fazer dinheiro.

E não se pode considerar exagerada as reações de várias pessoas queer contra a atitude da rapper, pois isso pode abrir um precedente perigoso que ameaça outras expressões identitárias da comunidade LGBT, que correm o risco de serem apropriadas por pessoas que sequer fazem parte do nosso meio. Imagina se decidirem patentear expressões como: the shade, sasha away, shantay you stay, hey sis e muitas outras? Por isso mais do que nunca é preciso haver união dos LGBTS para se apoiarem e ajudarem, pois se nem nos ditos “aliados” pode-se confiar, imagina naqueles que só nos usam visando lucrar em cima de nossa luta e identidade, okurrr?

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